quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Cravos de Abril


eu tenho um molho de cravos
que seguro em minha mão,
eu tenho um molho de cravos
em forma de coração...

eu tenho um molho de cravos
que falam de liberdade
eu tenho um molho de cravos
que se espalham pela cidade...

Trago no peito a razão
da liberdade assumida
não pertenço à ilusão
da liberdade esquecida...

nasci com olhos de ver
o povo que cala e chora,
que aperta cravos na mão
da dor que aí se demora...


as mãos sangram sem saber,
que do vermelho dos cravos,
ainda sangra a esperança
dos olhos que estão vendados...

canta-se Abril sem sentir
a importância vivida,
dessa manhã que a sorrir
quebrou as grades da vida...

ainda sonho primaveras
lutando de alma lavada,
e a noite não é das feras....
sou livre de madrugada...

Posso cantar liberdade
e falo o que bem entendo
mas ainda seguro a fome
dos que não falam morrendo...

Minha cidade está triste,,,
há cravos sem esperança
que não enfeitam as armas
na mão de muita criança...

Não há toalhas na mesa
do meu Portugal amado ...
e ninguém tem a certeza
de quem transita ao seu lado...


O céu acordou chorando
a dor dos que aqui lutaram
e que choram perguntando
porque é que as armas baixaram ?...

Mas a vida é sábia e bela
mantém uns quantos de pé,
que sustentam a certeza
dos cravos rubros de fé...

Em permanente beleza
os cravos que trago ao peito
são para mim a certeza
que Abril não é de outro jeito...

Abril é revolução
todos os dias... e mais...!
quando juntos nós quisermos
que todos sejam iguais...

Quando Portugal armado
dum grande e bom coração
disser bem alto e em brado...
Abril é revolução...

Quando já não for preciso
despedir p’ra enriquecer
nem fechar portas à vida
apenas por que é mulher...

Quando a vontade for força
solidária e libertada
dos burocratas rançosos
que à vida não dão mais nada....


Dos gabinetes infectos
de bafienta razão
que criam leis para insectos
que não têm coração...

Pior que viver penando
e falar sempre em segredo,
é trabalhar algemado
e viver sempre com medo...

Nós somos gente que quer
trazer ao peito a certeza,
que os cravos de Abril perfumam
a Bandeira Portuguesa...

só quem viveu uma vida
presa de tantos agravos
grita do fundo da alma...
eu tenho um molho de cravos...

lasalete ...

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