terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Noite de Natal.


Era o dia 24 de Dezembro,um dos dias mais curtos do ano,
e ele caminhava com grande pressa, pois queria aproveitar
as poucas horas de luz.
Antes da meia-noite, sem falta, tinha de chegar à sua casa,
na clareira de bétulas. E ao fim de três quilómetros de marcha,
cheio de confiança, penetrou na grande floresta. A alegria de
estar já tão perto dos seus fazia-lhe esquecer o cansaço e o frio.
Mas agora, depois de quase dois anos de ausência, a floresta pare-
cia-lhe fantástica e estranha. Tudo estava imóvel, mudo, suspenso.
E o silêncio e a solidão pareciam assustadores e desmedidos.
O Inverno tinha despido as árvores, e os ramos nus desenhavam-se
negros, esbranquiçados, avermelhados. Só os pinheiros cobertos
de agulhas continuavam verdes. Eram daqueles pinheiros do Norte
que se chamam abetos, que são largos em baixo e afiados em cima,
que têm o tronco coberto de ramos desde o chão e crescem em forma
de cone da terra para o céu.
A neve apagara todos os rastos, todos os carreiros. E, através do
labirinto do arvoredo, o cavaleiro procurava o seu caminho.
O seu plano era chegar ainda com dia a uma pequena aldeia
de lenhadores que ficava perto do rio que passava junto da
sua casa.

"Sophia de Mello"

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